08 fevereiro 2007

Chove de novo














Sentires-te irreparavelmente desamparado no regresso a casa.
No regresso à realidade.
Sentir a chuva…
Senti-la. Querê-la. Vivê-la.
Sorrir ainda mais quando as rajadas são fortes.
Ver, alheio, as pessoas que passam, com e sem guarda-chuva.

Com pressa. Com frio.
Prolongar o mais possível…
Prolongá-lo. Tentá-lo. Recusá-lo.
Logo morrer, no fim da estrada.
Doce selvagem. De frente.
Descer a rua. Silêncio.
Questionar. Muito. Tudo.
Quase nada.
Sorriso rasgado e inevitável.
Chove de novo. Finalmente.
Sair do autocarro.

Sozinho.
Parou de chover.
Estanque. Viagem longa.
Dentro. Fora.
De dentro para fora. De fora para dentro.
De fora para fora…
De dentro para dentro…
Gente.
Com e sem guarda-chuva. Com pressa. Com frio.
Olhares alheios.
Olhar, alheio.
Autocarro.
Duradoura espera, ainda.
Muita chuva.
Chuva!
Chuva.
Chuva…
Sentir. Querer. Viver!
Perceber.
Saída importunada. Alheia.
Trabalho.



Fotografia: "The Walk Home" de Animesh Ray (2006)

4 comentários:

  1. Chove
    no horizonte,
    como se o Sol
    chorasse de dor
    ao ver a chuva
    brilhar na mente
    que só ele
    deveria iluminar.
    Chove. E isso
    é que importa
    quando a porta
    não suporta
    abrir-se
    ao horizonte.

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  2. Muito bem! Estou a ver que não tens só talento para desenhar mas também para fazer poemas...

    bigada pelo teu coment

    bjs

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  3. [Realidade?]
    Chuva... chuva que escorrega pelo rosto, humedece os lábios, corre pelo pescoço, cai no chão, seca... voltamos a chorar noutro dia [chuva?]

    Kiss Kiss

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  4. amo a chuva:
    envolve-me como se me amasse
    ouve-me sem questionar
    liberta-me por me envolver
    faz-me sentir
    substitui as lágrimas que não sabem cair
    faz-me acreditar que um dia ainda vou voar
    é linda...

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