21 agosto 2010

É isso.

Cruzo os dedos
- sigo a reza -
Sob a luz eléctrica
Bato palmas
Bato os pés
A terra treme
Aí vou eu
Chuva terna
Bate e nega
- sob a luz eléctrica-
O vidro escuro da janela
Entreaberta
E já chove cá dentro
Cruzo os dedos
Bato palmas
Bato os pés
Chap chap
Reflexos na água
De mim, dourado
Sob a luz eléctrica
Hipotética vibração
Batimento
Do coração expectante
A explodir
Batendo palmas
Já sem pé
Cravada na luz
Eléctrica
A presença efémera
- Do que não foi, nem pôde ser, e foi tudo -
Do ouro tocado e feito
Luz como a água da chuva
Onde já não há janela
- Água e luz -
Eléctrica como eu em batimento
Palmas e corações
Até nunca descruzar
Os dedos, espernear
Sob a luz da chuva
Na água eléctrica
Que me invadiu
O quarto
Inesperado efeito
Forçado
É reanimação da afirmação
Latente
De principiante vencido
Que tacteia no escuro
A secura de já não saber
Mais escrever.

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