Aí.
À minha frente. Ao alcance da minha mão suada, tornada gélida ao toque.
Arrepio.
Toco. Toco-te.
Adivinho-te e acaricio a tua presença com as pontas dos dedos.
Encosto a minha face à tua, reluzente, e o há momentos límpido torna-se baço, desde agora.
Afastado, fito-te, através do nevoeiro que emanamos.
Corpo a corpo.
Interior, exterior.
Quarto.
O mesmo quarto para onde volto sempre, onde te reencontro após a luta de mais um dia cruel.
No meu quarto.
Esperas-me.
Incansavelmente.
E deslumbras-me com mais uma fuga impossível ao real, quando me mostras no mundo, trespassando o teu corpo gelado e expectante.
Fiel companheiro de gestos mudos, solitário.
Impensados.
Temidos e incompreendidos por todos.
Indispensáveis e restauradores para nós.
Para mim.
Por isso me sento a teu lado.
E espelhado em ti tudo vislumbro.
Eu em ti.
Nós no mundo.
Mas por hoje já chega e
Fecho de novo a janela.
14.Fevereiro.2008
Ahaha, este eu percebo. E percebia-o melhor em 2008. Neste caso foi por isso que não me permiti publicá-lo, era demasiado pessoal. Gosto que as coisas tenham mudado. Gosto de me rever ali achando que já não sou eu.
É uma sensação divertida: não perdeu sentido, mas já não tem o mesmo.
E foi só há dois anos. As coisas mudam, é reconfortante. Gosto.
É uma sensação divertida: não perdeu sentido, mas já não tem o mesmo.
E foi só há dois anos. As coisas mudam, é reconfortante. Gosto.
Sem comentários:
Enviar um comentário