Como num local que não me pertence, meio à deriva por entre paredes e tectos que não me pertencem. Nem pertencerão. Não porque não possam. Porque eu não quero. Não me apetece.
Só quero voltar a casa, respirar o ar do meu mundo, o meu próprio ar.
Ver-me livre de parasitas que me não esperam, que assolam a minha solidão, partilhada por nós…
Como era dantes.
Tudo tão puro
tão verdadeiro
tão inocente
tão ingénuo
tão estático
tão simples
tão vazio.
Para quê? Por quê?
Por que nos deixamos invadir tão abertamente por um conteúdo alheio, que nos fere, contamina?
Será que precisamos assim tanto de estar integrados? Por que não apenas seguir pela beira da estrada? Por quê envolvermo-nos, rasgarmo-nos, perdermo-nos?
Só quero dizer ao mundo que o que faço é por mim! Pelos que gostam de mim, e me esperam. E me não ferem nem esvaziam. Por esses sim, vale a pena.
Não pelo mundo.
Não por essas pessoas sangrentas vestidas de gala. Não pelos enviados de um deus que não é o meu. Não.
E por isso me sinto perdido, dormente, impaciente. Insaciável.
Sei que sonho e que o que digo não será nunca possível. Por isso a única coisa que espero, é quando acordar, estar outra vez no meu quarto.
Pintura: "Os Valores Pessoais" de René Magritte (1952)
sublime. ponto final. palavras minhas minhas tornam-se ocas ao pé das tuas.. o melhor até agora.
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