04 fevereiro 2008

Lembro-me.

Lembro-me do escuro, das faíscas brilhantes, de ambos os lados do corredor.
Dos livros de memórias, poeirentos, marcando-me o passo inseguro.
Lembro-me do quadro, alto, na parede.
Do cenário idílico que evoca.
Do vidro romanticamente partido que o cobre.
Lembro-me das histórias, das lendas sobre este lugar.
Lembro-me de passar aqui.
Todos os dias, ao sair para mais um dia de trabalho intenso e desmotivante.
Lembro-me de não me importar.
De olhar, sem ver, o pó que cobre o papel de parede lustroso que dá face à divisão.
Lembro-me de não me importar.
De delegar a responsabilidade desse pensamento aos donos da casa.
A quem lá mora.
A quem lá vive.
Lembro-me de vagos acertos de contas.
Entre mim e eles.
Lembro-me de não me importar.
Lembro-me de criar a rotina de olhar em frente.
Lembro-me de não parar.
De não esperar.
Lembro-me de não me importar.
Lembro-me de não me lembrar de tudo isto, nessa altura.
Lembro-me de não me importar.
Lembro-me de não me importar.
Sim, lembro-me de não me importar.
Tudo o que me lembro é de não me importar.
Só não me lembro porquê.

3FEV08

1 comentário:

  1. Nada a dizer... simplesmente fantástico! =)

    Obrigada pelos teus comentários! =D

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