01 setembro 2010

Ode à Inestética

eu até nem queria, mas PIMBA!, wanderlust, abrir hipóteses, afinal, que mal há nisso?, tempo para pensar, que não giro a esta volta, que não estou onde quero, às vezes sim, mas às vezes não, como dizer de forma lógica?, insatisfação?, inconformismo? ou um desejo inabalável de dizer todos os disparates do mundo, sem nunca os repetir - sim, acho que é mais por aí, falta é a coragem de disparatar compulsivamente, sendo isto algo parecido com isso suponho que seja bom, uma aproximação talvez, também não tenho nada contra torná-lo um diário, mas também não digo grande coisa nesse formato, e a felicidade é bonita mas dá maus, péssimos poetas, que até invento acentos e o mp3 ligado, pois claro, continua todo contente, a dizer os disparates de outros, que é a maneira mais fácil, para ele e para mim, também seria, não fosse o primordial princípio de não me apoderar de mais do que fragmentos perdidos e readaptados aos meus e apenas aos meus disparates, e fazer disso uma opção estética?, ainda não andei por lá, será que resulta?, o mal é que depois nem eu tenho capacidade de absorção para tanto nonsense, que só é giro - ok, é sempre giro, mas é mais - quando não é em demasia e encontro-me perigosamente perto de concluir que não há o que aconteça por estes dias que não seja o mais puro do nonsense, tanto quanto ele possa significar o sem-sentido, que está, afinal, em todo o lado, para mal dos meus pecados descritivos, ou então é uma fonte inesgotável de inspiração, mas não, porque lá está, quando a escolha é muita, torna-se difícil não entrar nesta espécie de negação do próprio disparate, que encerra um caderno por meses, ou mesmo por anos, por falta de capacidade para competir com os agentes externos, eles é que mandam, e mandam disparates, o que lhes tira o encanto, aos disparates, deixando ao ridículo e ao esquecimento inevitável - e até aconselhável, cheira-me - momentos pseudo-criativos e automatismos como este, que em continuum continua a encher páginas do tal caderno que já cheirava a bafio, ou a mofo, acho que é mofo e que apenas pode ser aberto pelo verdadeiro ímpeto de falta de sentido, que pretendia a princípio produzir algo de remotamente literário, como nos velhos tempos - negros mas produtivos! - para logo cair neste abismo sem pontos finais que igualmente depressa começou a impingir a tentação de opção estética, quando na verdade poderia muito bem sê-lo, mas não é, e nunca poderia sê-lo, na sua contradição, porque a ausência de estética, da própria ideia de a definir, "uma" estética, está fora de questão, aboli-la sim, por opção - vou então chamar-lhe opção inestética e acabei de me rebaptizar!



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4 comentários:

  1. Adoro a nova layout! olha eu a elogiar-te e a deitar-te abaixo:

    Tens mesmo jeito para a escrita e intuição nata para o design! ;)

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  2. É bom ver como não precisas de mim. Mas não esqueças – às vezes, até sou útil.

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  3. Ei, que susto! Juro que primeiro não estava a perceber!
    Eventualmente não preciso de ti para escrever, mas para tudo o resto sim! :)

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