07 setembro 2006

Ama(nte)


















Procurou.
Só agora sabe o que (não) encontrou.

Poderia a vergonha ser a causa?

Displicentemente vitorioso pelo seu tão afamado feit(i)o, não espera.
A espera não leva a nada.

Poderia a vergonha ser a causa?

Ao amá-lo nunca pensou (ninguém o fez).
Mas ele não esperou.
Nunca o fez e nunca questionado havia sido.

Poderia a vergonha ser a causa?

Até algo ter acontecido, uma pequena mudança, um pestanejar mais atento. Um despertar?
Por que seria?
Teria de ser assim?

Poderia a vergonha ser a causa?

Cada vez menos importou o (des)amor que sentia.
Então procurou.
A verdadeira condição do amante.
Tê-la-á encontrado? Impiedosa é a dúvida.

Poderia a vergonha ser a causa?

Mas nada fez, com o que (não) encontrou.

Poderia a vergonha ser a causa?

Assim continuou.
Assim continua.
Nada o poderá mudar.
A sua relação manter-se-á intacta até ao fim dos dias.

Poderia a vergonha ser a causa?

Nada mudou.
Apenas a questão é agora diferente:

Qual seria afinal a causa da vergonha?


Pintura: "Os Amantes" de Magritte (1928)

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